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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Arte no Barro



Um dos segredos da culinária capixaba são as famosas panelas de barro fabricadas artesanalmente na região. Hoje veremos um pouco mais desse segredo.

A matéria-prima pode ser comprada por revendedores ou então ser retirada gratuitamente à beira dos rios nos barreiros ou até no fundo dos quintais. Trata-se geralmente da tabatinga, descrita como barro branco arenoso, material essencialmente plástico e maleável. Recolhido, o barro é guardado à sombra onde o artesão trabalha, geralmente telheiro recoberto de palha.
O preparo do barro pode iniciar-se com a mistura de areia, para ajudar a liga. Nesta fase da operação é resolvido com enxada ou outro instrumento, socado e peneirado, sendo a seguir dividido e amassado com água, formando pilhas, das quais se destacam as porções que serão trabalhadas a mão.



O instrumento aplicado é praticamente idêntico em todas as regiões produtoras. O artesão tem ao seu lado vasilha para depósito da água que amolecerá o barro, e utiliza fragmento de cuia com o qual inicia a criação do objeto.  Com a faca , de metal ou madeira, cortam-se excessos de barro, raspando-se a peça em execução como se faria com uma espátula. Depois de firmada a peça, estando quase seca, é lixada com um seixo de rio, ou com a semente amucanã, fruto do queirinho do campo, ou, ainda com a noz olho de boi. O acabamento final é dado com simples colher de metal ou com o arco de barril que raspa a superfície da peça.

A secagem das peças se inicia à sombra. A ação do sol ocasiona fendas e rachaduras. Vem depois a queima, a fogo descoberto quase que exclusivamente na região de Vitória, e em fornos de barro, em outras regiões. Normalmente o artesão faz seu próprio forno, com tijolos.

Após a queima, as peças são pintadas. Em Goiabeiras, a tinta provém da casca socada do mangue, denominação local para designar planta de beira d'água, freqüente nas restingas e banhados salgados. A tinta preta assim obtida é espalhada com vassourinha, caracterizando a cerâmica da região. Em diversos municípios, tintas provenientes de outros sumos vegetais e as industrializadas são também empregadas, assim como vernizes. Predominam contudo as peças sem pintura.



No artesanato capixaba do barro a maior produção é de peças utilitária. Panelas pequenas, chamadas filhas, são acondicionadas para venda dentro das grandes, chamadas mães. Cofres zoomorfos, chaleiras, frigideiras, assadeiras, pratos, caldeirões, vasos, castiçais, cinzeiros, potes, filtros, moringas, bules, bebedouros para aves, canecas, são feitos em escala apreciável. São menos frequentes as peças de cerâmica figurativa, animais, santos e figuras humanas em geral, em muito menor escala. Os presépios cujas figuras são modeladas em barro figuram em escala mínima.

É de assinalar-se a importância atribuída ao vasilhame de barro na cozinha capixaba: as frigideiras e as panelas de Goiabeiras são consideradas quase que um ingrediente das receitas, uma garantia de seu sucesso. 

Quer aprender um pouco mais sobre como fazer uma panela de barro? Assista este vídeo:

Saiba um pouco mais sobre as paneleiras de Goiabeiras assistindo este vídeo:

Fonte: Folclore capixaba - Comissão espírito-santense de Folclore.

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