Breve Histórico
Inicialmente,
vamos trazer o verdadeiro significado da palavra. O termo "Carnaval"
deriva do latim na união das palavras "carna" e "vale" que
dão o significado de "despedida da carne". Traz esse significado
devido a tradições religiosas que surgiram alguns séculos depois de Cristo.
A
celebração do carnaval é realizada com uma média de 40 dias antes da Páscoa
desde o século XI, sendo quê, esse tempo é chamado de quaresma, onde
os fiéis católicos não comem carne e não fazem festas com o intuito de se
purificarem e se prepararem para a páscoa.
Com isso, surgiu a ideia de se fazer uma
grande festa no último dia antes do início da quaresma, para que pudessem comer
carne a vontade, festejar bastante e desfrutar de certos prazeres, dessa forma,
surgiu o carnaval.
Com o
passar dos anos a tradição do carnaval foi tomando outros rumos e perdendo o
verdadeiro significado de sua comemoração.
Em
meados do século XVI surgiram na França os famosos bailes de máscaras e com
pouco tempo foi popularizado em outros países europeus, desta forma atingindo
outros continentes e cada país foi enriquecendo essa festa comemorativa,
manifestando toda sua cultura. Trazida
para o Brasil através dos colonizadores, o entrudo.
Pintura realizada por Jean-Baptiste Debret sobre o entrudo no Brasil. |
O
entrudo, assim era chamado o carnaval, era uma reminiscência das festividades pagãs
greco-romanas que tinham origem nas comemorações das colheitas, época esta que
permitia liberdade aos escravos, usavam-se máscaras, fantasias e alimentavam-se
desregradamente. Através dessa liberdade, tornou-se tradição por mais de dois
séculos, brincadeiras nas ruas entre os escravos e famílias brancas. Enquanto os
escravos saíam nas ruas sujando-se uns aos outros com farinha e polvilho, as
famílias brancas, de suas casas, divertiam-se jogando pela janela água suja em
quem passava. Com o tempo, não havendo organização, essas brincadeiras foram
ficando perigosas e as autoridades e governantes proibiram o entrudo popular.
Assim, por
não conseguirem ficar sem festejar o entrudo, com o tempo, o povo foi mudando a
postura em como se comemorar tal data, dando início aos bailes de máscaras apenas às famílias mais ricas e logo depois tornou-se também uma comemoração
popular, com influência das festividades do carnaval de Veneza. Inspirados na
forma de como se comemorava esta data na Europa. Aos poucos foi se tornando
natural este tipo de comemoração no Brasil, com surgimento de clubes realizando
seus desfiles pela rua e logo após se reuniam em certas ruas para festejarem jogando-se
confetes uns nos outros, entregando flores e intrigando conhecidos e amigos com
suas máscaras e fantasias.
Até chegarmos no tipo de carnaval que temos hoje em dia.
Após
essa breve reflexão sobre a evolução do carnaval, iremos descrever um pouco do
carnaval organizado pelo povo na cidade de Leopoldina-MG.
Carnaval Leopoldinense
Baseado em relatos orais e pesquisas, registrados pelos alunos da disciplina Pesquisa folclórica do Conservatório Lia Sagado, os
primeiros carnavais que aconteciam na cidade eram festejados em carros de bois.
As pessoas se enfeitavam com laços de fitas na cabeça e vestiam-se normalmente.
Mais tarde, por volta de 1926, havia batalhas de confetes na praça Félix
Martins e na rua Cotegipe. Havia também o uso de lança perfume que na devida
época era liberado. A noite havia bailes com fantasias no Cine Alencar, os
blocos alugavam salões para fazerem seus bailes noturnos.
Mais
tarde foram surgindo os primeiros blocos na cidade que eram: Prazer das
Morenas, Flor da Mocidade, Industrial e o Batuta que mais tarde veio a se
chamar Cutubas, cujo clube existe até hoje. Estes blocos eram patrocinados pelo
comércio e por seus sócios.
Um
tempo depois, surgiram os carros alegóricos feito pelos próprios blocos: Batuta
que originou-se de um jacaré, o Prazer das Morenas que originou-se de uma
cegonha e ambos carregavam uma criança na boca ou no bico.
Com o
tempo outros blocos carnavalescos foram surgindo, como:
- Unidos da Cana
- Bloco dos Descamisados
- Mocidade Imperial da Quinta
- Mocidade Leopoldinense
- Unidos dos Pirineus
- Bloco Unidos do Limoeiro
- Bloco Alegria dos Palhaços
- Acadêmica de Leopoldina
- Unidos de São Cristóvão
- Acadêmicos do Cutubas
- Unidos da Vila
- Unidos do Maripá
Não
podemos falar do carnaval de Leopoldina sem mencionar o Zé Pereira, mestre
Vitalino Duarte de Souza.
Mestre
Vitalino residiu em Leopoldina, faleceu aos seus 71 anos em 2003. Vitalino se
interessou pelo carnaval no ano de 1955, saindo como Zé Pereira, depois fundou
a Escola de Samba Acadêmicos de Leopoldina, em 1959. Em 2002, Sr. Duarte
completou seus 47 anos de passarela do samba, recebendo a medalha do mérito
Leopoldinense.
Vitalino
ficou bastante conhecido e querido por promover festas populares e folclóricas,
eventos e homenagens no município, sem distinção de local ou bairro. Mestre
Vitalino, um simples homem, com a fala mansa e calma, promovia suas festas em
praticamente todas as épocas do ano, levando a alegria e a diversão.
Mestre Vitalino recebendo troféu em carnaval da década de 70 das mãos do ex vereador Antonio de Paula Junqueira Ferraz. Foto do Acervo Cumbuca. |
Vitalino
é um ícone quando se fala de carnaval e cultura na cidade de Leopoldina, sendo
referência a toda população. Com isso, em 27 de maio de 2014, foi sancionada a
lei municipal nº 4.180 de incentivo à cultura, denominada Lei Vitalino Duarte.
Não
podemos esquecer também de algumas pessoas que foram importantes para o
carnaval em nossa cidade. Sendo estes: Tufic Jorge, José Bandido, Funchal
Garcia, Dr. Lisboa, Ari cachaça, Dário sapateiro, Fizinho, Wilson Berbari, Floriano
e Nestor explosivo.
Segue
abaixo um link do vídeo "Memória do Carnaval Leopoldinense" com algumas fotos:
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