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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

 Desabafo aos amigos Assumpretistas e aos amantes das artes e da cultura

    Quando me aposentei em 2019 (por medida de segurança) não esperava o que estava por vir. Em vez de poder curtir a vida, viajar e aproveitar minha nova condição, veio a pandemia e fomos obrigados a ficar em casa!  Tempos difíceis para todos, mas  principalmente para quem tinha as atividades culturais como meio de ganhar a vida. A arte e a cultura sofreram um grande impacto e a população ficou sem estes espaços de participação. O Assum Preto teve suas atividades interrompidas por dois anos. Agora, com o retorno mais seguro das aulas presenciais, o Grupo passa a contar com o apoio amigo do CEFET e não mais como Projeto de Extensão, uma vez que nenhum servidor pôde assumir um novo projeto de parceria. Cabe ressaltar que até o momento (2022) o CEFET não tem um professor efetivo de artes ocupando a minha vaga. 
O cenário da arte e da cultura, que já estava desgastado pela situação caótica causada pela pandemia, se agrava agora, ainda mais, pelas atuais (ou falta de) políticas públicas, com cortes crescentes e falta de uma proposta consistente de restauração e incentivo aos espaços de participação coletiva que foram extintos ou enfraquecidos nestes últimos anos. Cabe ressaltar que o Assum sempre foi um dos poucos espaços  gratuitos de participação existente na cidade.

Em julho deste ano (2022) fui a Juiz de Fora assistir a uma peça teatral do Grupo Divulgação, dirigida por José Luiz Ribeiro, meu ex professor da UFJF. A peça era uma adaptação do obra de Oswald de Andrade: A Morta Insepulta. Qual não foi minha surpresa ao ouvir o relato do professor antes de começar o teatro. A história que contava sobre a trajetória do Grupo Divulgação era semelhante a do nosso Grupo Assum Preto! No folder entregue à plateia ele descreve o que presenciamos nos últimos tempos: 

"Hoje, estamos nas ruínas do mundo. Nosso trabalho não pode ser subsidiado e lutamos para nos reanimar em tempos de vaquinhas virtuais. Hoje, 27 de julho de 2022, estamos trazendo perifericamente ao público um retrato da pobreza que enfrentamos. A hora seria de agradecer! Em outros momentos, nosso público receberia convites ou despenderia de uma pequena quantia para ver os espetáculos da temporada. Hoje enviamos garrafas virtuais, como náufragos esquecidos na ilha da memória. Reviver 1972, o ano de chumbo, é lançar um grito num tempo em que o poeta, que representa a cultura, se debate num cemitério de surdos e cegos lacrados numa sociedade de bolhas. Este espetáculo será único. As longas temporadas estão ausentes do nosso trabalho.       
O tempo é outro. Tempo de resistência e luta contra a barbárie."
"Mede-se a cultura de um povo pelo seu teatro. Federico Garcia Lorca"

Não é necessário acrescentar nem mais uma palavra ou comentário ao texto acima. Ele foi preciso ao descrever a situação atual em que hoje nos encontramos.

Que futuro reserva Leopoldina para o Grupo Assum Preto que durante 38 anos esteve atuante na história cultural desta cidade?

Seguindo a ideia do professor, nos valemos destas "garrafas virtuais" para pedir apoio a todos que se sensibilizam com a causa. Entrem em contato conosco para verificar de que forma vocês podem ajudar o Grupo Assum Preto.

Pedimos aos amigos que divulguem junto aos seus contatos os seguintes banners:











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3 comentários:

  1. Furaram os olhos do Assum Preto mas arrancaram-lhe as asas.

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  2. Excelente texto! Uma reflexão necessária.

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  3. Vamos divulgar, a fim de que chegue até empresários e voluntários que valorizam a arte, para que possam colaborar de alguma forma, incentivando esse importante grupo de nossa cidade.

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